Bullyng
que é como quem diz: Porrada!
Uma das crianças que transporto no ATL tem uma certa tendência em bater nos colegas. Já tinha notado isso, mas confesso que pensei que fosse daqueles miudos que gostam de brincadeiras dessas, daquelas que têm a ver com porrada (lembro-me de um dos meus colegas na primária só saber brincar aos power rangers e ao Sun Go Ku, ou seja, só sabia brincar às lutas - pensei que fosse o caso vá). Mas não. O puto parece que arreia nos colegas e a sério!
O C (C de contraceptivo, que é o que ele é aos meus olhos) é um amor de miudo. Tem um ar traquina que eu adoro, é activo, brincalhão, bem disposto... mas bate nos colegas. E quando uma mãe me encontrou com ele, pensando que eu era familiar, veio falar comigo. Que não aguenta mais. O filho dela tem uma cicatriz nas costas feita pelo C. E chora muito que não quer vir para escola, tem dias em que aparece com hematomas no corpo, porque o C lhe dá pontapés na cabeça quando o atira ao chão na casa de banho.
Mas o pior foi quando eu lhe disse que ia ter que falar com a mãe dele, ou com a S (responsável pelo ATL) porque ele merecia um castigo. Implorou para que eu não falasse com a S. Com a mãe podia ser, mas com a S não. Perguntei-lhe qual era a diferença: ''Ah, a minha mãe não faz nada, só me manda para o quarto de castigo!''
Fiquei chocada...
Mas havia mais... quando entro na carrinha para transportar a N, de 4 anos, familiar dele, ela diz em tom de desabafo:
O C. é mau. Ele bate em mim. E na mãe. E na avó. E na mana...
Literalmente naquela casa, parece que toda a gente leva no pelo de um miudo de 7 anos.
Agora pergunto: O que é que eu ou a responsável pelo ATL podemos fazer? Como é que um miudo que bate na mãe e na familia toda, sem que ninguém lhe faça nada, pode entender o que está certo ou errado? Será que ele percebe os limites?
Pelo sim, pelo não, a policia foi contactada e um agente fez questão de explicar ao C que ele não podia fazer aquilo e que sim, podiamos fazer queixa