É pequenina e fofinha e tal (quem me conhece achará estranho, dado que eu não sou muito dada a animais... adoro-os e por saber que não tenho paciência nem lhes dedico o tempo e cuidados que merecem, prefiro sempre não os ter... acho que eles merecem uma dona bem melhor que eu!)
Mas a gata lá está e não me perguntem o que é que me deu para a levar para casa, porque mais estranho do que isso, foi mesmo a reacção da malta:
Reacção do meu pai: ''É feia!''
Reacção da minha irmã: ''Ahhh... é fofa mas... é feiinha!''
Reacção do meu irmão: ''Não havia gatos mais bonitos?''
Não é por nada, mas e aquela treta de que a aparência não conta e tal e que o que conta é a personalidade e mais não sei quê... onde é que está?
Ok, o bicho... a gatinha digo, é assim p'ró estranha, mas... eh pá, tem personalidade! É carismática! Não é isso que conta?
A noite começa a cair na cidade... as luzes dos candeeiros nas ruas acendem e as pessoas passam-me pela janela com passos apressados... E eu preparo o final de mais um dia...
Arrumo os papéis, assina-lo os assuntos pendentes enquando vou pensando no dia que passou. Duas entrevistas, resposta a 4 propostas de emprego... O escritório organizado... Sensação de dever cumprido?! Não! Sensação de vazio isso sim. Como se tudo aquilo que fiz hoje não valesse de nada! Como se aquilo que eu sou não valesse de nada. Assim como tudo aquilo que eu sei!
Porque hoje, aqui e agora eu confesso que a minha auto-estima anda de rastos... E por favor não me digam nada. Não me digam que eu não me posso sentir assim... que não podemos baixar os braços, que as coisas irão melhorar... porque eu estou cansada de forçar os pensamentos, as vontades e os sorrisos!
Permitam-me que me sinta assim hoje! Permitam-me o luxo de fechar os olhos e poder admitir aquilo que sinto e que me esforço tantas vezes por não demonstrar! Afinal de contas, não nos podemos nunca dar por vencidos, não podemos nunca deixar que as circunstâncias e os seus efeitos nos controlem... mas ao menos hoje... eu quero poder confessar me sinto mal comigo mesma!
Porque não consigo gostar daquilo que vejo no espelho.
Porque não consigo um emprego melhor, independentemente da quantidade de candidaturas já enviadas...
Porque me sinto minimizada em todo o lado... em casa, no emprego (aqui então nem se fala!)
Porque estou farta de levar com as situações como as dos 2 posts abaixo!.
Porque me sinto cobarde por não ter a coragem parar já com tudo e em vez disso, invocar o 'bom senso' como justificação...
Talvez seja só uma fase (e eu acredito que sim) mas eu estou cansada de lutar contra ela. Permitam-me que hoje, me dê por vencida!
Acordo a muito custo e reclamo por ter de deixar os lençois ainda quentes... Reclamo mais quando me aprecebo o que me espera!
Visto-me, lavo a cara e saio enquanto me esforço por acreditar que no fundo ainda há algo bom no emprego que tenho... Vou no caminho a praguejar contra cada sinal vermelho que apanho... Já não me faltavam problemas no trabalho... não quero chegar atrasada ainda por cima!!
O mau-humor intensifica-se à medida em que me aproximo.
Estaciono e corro até ao café para um pequeno-almoço rápido... e saio a correr para abrir o escritório... Aí dou-me por vencida... atiro-me na cadeira e esforço-me por cumprir as obrigações laborais... preencher propostas... receber e cobrar recibos, tratar da correspondencia, ler e-mails, responder a alguns, atender clientes, ouvir reclamações... Isto não seria propriamente mau, se no fim não ouvisse do patrão:
- Não sei nem tenho nada a ver com isso! A responsável é ela (eu).
- Mas ela é sua funcionária. Está sob a sua responsabilidade e além disso foi ao seu estabelecimento que eu recorri.
- Não. Ela não é minha funcionária! A assinatura que aí consta é dela e ela é empresaria em nome individual!