Existem alturas em que nada parece ter uma solução prática.
Não sei viver em modo de espera. Não sei ''dar tempo'' às coisas, adiar os problemas, esperar... isto atormenta-me. Para mim é viver em stand by, é ver o tempo, que para mim se torna sempre tão precioso a correr sem eu o poder aproveitar, sem eu poder evoluir... A estagnação sufoca-me. E eu não sei viver assim. Principalmente quando essas duas situações se traduzem em pessoas. Pessoas que tal como eu sentem, pensam, amam, choram, riem... vivem. É nestas alturas que desejo ser como tu.
E depois há a confusão... o caos que me passa pela cabeça e que eu não consigo ordenar. O raciocinio não surge. As ideias não se organizam e eu no meio disto tudo tenho medo. Um medo incrivel e irracional, nem sei bem de quê... E mais uma vez, eu não sei viver assim.
O problema, o principal problema foi eu ter chegado á conclusão que valorizávamos aspectos e pontos comuns de diferentes formas e com intensidade diferente. Foi eu ter percebido que aquilo que vinha em primeiro lugar para mim, era secundário para ti. E aquilo que para mim era o mais importante, para ti, por pouco não te passava ao lado! O problema, também foi meu. Porque fingi que isso não era verdade. Tapava os olhos para não ver aquilo que nos podia ir matando... e eu queria tanto que pudesse dar certo. Eu quis tanto que desse certo. O problema foi teu quando negaste as tuas limitações. Quando fingiste que sabias lidar com elas, quando as ignoraste... deixando que elas crescessem e se tornassem mais fortes que nós. E foi meu quando sem me dar conta, fui permitindo que isso acontecesse. E eu quero conhecer gente, quero viajar, quero ter o sossego de ler um livro, companhia para ver um filme, conversa para um jantar ou um almoço. Um abraço quando as coisas não estão bem. Esperança. Optimismo. Fé. Compreensão. Entendimento. Tu ficas-te pela rotina, pelo café de manhã, pelo jornal do dia, pelo horário normal de trabalho... não vais além disso. Amas as pessoas do teu jeito, como se dize-lo bastasse. Só que para mim já não.
... do que ver o matulão do meu irmão mais velho, do alto dos seus 37 anos, aflito, a correr toda a cidade á procura de sardinhas só porque a minha cunhada, grávida de algumas semanas, disse que era coisa que lhe apetecia?!
Como é que passamos por cima das coisas que sentimos?
Como é que pomos a objectividade à frente dos sonhos? Como é que dizemos 'Não' aquilo que antes tinhamos a certeza de dizer 'Sim'? O que é que fazemos às promessas que não se cumpriram, aos sonhos por realizar, aos projectos que idealizamos?
Como é que seguimos em frente passando por cima de sentimentos (nossos e dos outros)? Como é que nos podemos realizar se a nossa felicidade depende da infelicidade de alguém a quem um dia quisemos (queremos?) muito? É suposto fingir e afastar aquilo que sentimos? Apagar aquilo que um dia foi sinónimo de felicidade? Transformar isso tudo em meras recordações... e esconde-las bem fundo para que não se misturem, para que não nos confundam...? É suposto enfiarmos a cabeça na areia e fingir que a infelicidade que causamos a alguém é inevitavel e não podemos fazer nada quanto a isso?
E entretanto, chegam aqueles momentos em que tudo deixa de fazer sentido. As certezas que nos motivaram, os objectivos e os sentimentos que nos levaram àquela decisão óbvia e tão logicamente irreversível, deixam de fazer sentido. Nenhum! Sentimos o mundo inteiro a conspirar contra nós, a fraqueza acaricia-nos a face e o corpo; as lembranças trazem-nos à memória aquelem colo quente, as mãos que conhecemos e que nos conhecem de cor. Os passeios que fizemos mostram-se à minha frente como se de um ecrã se tratasse e até o meu telefone parece saber o teu nº de cor. E de repente, passas a ser a solução mais obvia e apaziguadora à minha solidão. E na minha leviandade e cobardia abuso do teu amor, da tua disponibilidade, da tua fraqueza...
Por muito que tenhas errado, por muito que os motivos que me levaram a este afastamento sejam fores de mais, sejam obvios e inquestionáveis, nada, nada pode justificar a minha atitude. Eu sei...
A sério, para que raio vim eu trabalhar hoje? Devia ter feito ponto claro. Como toda a gente parece ter feito.
Ninguém me atende os telefones, ninguém me responde a emails... nada!
Foi tudo de mini férias ou de fim de semana prolongado e eu sentadinha na secretária, qual menina bonita a inventar trabalho enquanto o que tenho pendente por falta de resposta mantem-se inalterado!
Acabo de ver no telejornal que o Sr. Presidente da Républica disse, no seu discurso relativo às comemorações do 10 de Junho que Portugal chegou a um estado insustentável... Sim Sr., ao fim de 4 anos lá se apercebeu! Palminhas ao Sr!
Como dizia a minha mãe: ''Mais vale tarde que nunca!''