... foi coisa para me deixar em frente à Tv uns momentinhos.
E gostei do programa (pronto, cricifiquem-me). E depois leio por aí, em blogs de gente que sabe muito e que percebe de talentos e essas coisas todas que não. Que o programa não é nada bom e que ninguém que por lá passou tinha talento. Só alguns tinham talento assim-assim.
E eu, que não estava à espera de nenhum Paul Potts ou se uma Susan Boyle, achei que até temos gente capaz de fazer umas coisas engraçadas e de nos proporcionar um serãosinho bem passado.
E depois penso: Se o programa de ontem à noite tivesse passado nas Américas, o sr que cantou Nessum Dorma (adoro a musica) ou a miuda que cantou Sara Tavares, já tinha umas não sei quantas visitas no youtube.
Mas não... foi em Portugal e o Português tem muito a mania de desdenhar o que é seu.
E o Manuel Moura dos Santos?
Isto de passar Domingos sem ele é coisa para me deixar triste.
Tenho a sorte de fazer o que gosto. Quando a oportunidade de trabalhar nesta área surgiu, tive medo. Muito medo, porque não tinha nada a ver comigo, com a área que estudava, ou com a ideia que tinha sobre o que me via a fazer no futuro.
Era exactamente o oposto. Trocar as ciencias por numeros. E logo eu, que era muito pouco (ou nada) dada às matemáticas. Descobri aos poucos os meandros desta actividade e posso dizer que comecei a gostar. Muito.
Apesar de adorar o que faço, que adoro, há dias em que a vontade de rodar a chave da porta e entrar neste escritório é nula. Em que me sinto injustiçada... Desvalorizada e vejo as minhas funções reduzidas ás funções que mais ninguém quer fazer.
Mas a verdade é que há outros dias, como o de hoje em que a disposição é outra.
E depois, aquele elogio ao nosso trabalho, surge.
E aí sinto, só pelas palavras acabadas de ouvir, que todo o meu esforço é recompensado.
Ás vezes penso que o problema da maioria das pessoas e o meu, muitas vezes é o olhar demasiado para o passado. Para o que 'já foi'.
E ficamos ali a remoer os mesmos gestos, as atitudes que tomamos, a questionar o que fizemos ou que nos fizeram, em vez de seguir em frente.
Dá trabalho processar o que já passou e respirar forças para se seguir em frente. Dá muito mais trabalho, do que ficar ali a remoer e a pensar e a culpar o passado (o nosso e o dos outros)... E é essa preguiça e esse comodismo que nos atordoa e trava.