Tenho tentado retornar a velhos hábitos que com a maternidade fui deixando e que, entretanto me começaram a fazer falta. Um deles foi o exercício físico e o outro foi a leitura. Numa das feiras aqui da cidade, comprei o livro 'O meu amante de domingo' de Alexandra Lucas Coelho. Foi o escolhido, com a incerteza se iria ler até ao fim (nunca tinha deixado livros a meio, mas a falta de paciencia, cansaço e dificuldade de concentração ao final do dia, ganham-me muitas vezes).
Não sou critica literária ou coisa que o valha, mas estou a gostar tanto que apesar de ainda não o ter acabado, não tenho duvidas de que não faltará muito. Escrita acutilante, humor negro, o uso do palavrão à boa maneira do Norte (ou não fosse a personagem de Vila Nova de Gaia), tudo sem perder o bom gosto, a fluidez da história ou o tom comovente. Textos simples e divertidos numa história que roça o cliché (o sexo casual com o mecânico), mas sem cair em facilitismos ou novelas.
Não considerem o post anterior como uma especie de queixume, que não é. Foi apenas um desabafo. Consigo reconhecer na minha vida e nos meus dias imensa coisa pela qual estou muito grata, além desta experiência maravilhosa que é a maternidade e da filha ainda mais maravilhosa que tenho - os clichés são verdades por alguma coisa né?!
A parte financeira está a compor-se, eu continuo à procura das minhas respostas apesar de tudo, a familia que se une, os amigos que todos os dias perguntam como é que estamos... a minha total disponibilidade e oportunidade de estar em casa com a minha bebé (acreditem que é impagável e que por muito que às vezes sinta falta de ter uma rotina minha, reconheço e agradeço a imensa sorte que tenho).
Ando em baixo. Não sei explicar bem porquê, mas ando meio perdida nestes dias. Não me reconheço e isto é tão estranho, porque se há mudanças que com a maternidade eu aceitei tão bem em mim, outras há em que não me sinto nada eu. Ando aqui meio à deriva num corpo que aprendi a gostar e a aceitar, mas que está diferente. Numa cabeça cheia de planos e objectivos em mente, mas que oscila entre uns e outros, com ideias que nunca pensei vir a ter. Deve ser uma crise existencial. Hormonas ou ainda pós parto, não faço ideia.
Olho pra mim e confesso: tanto me admiro como me detesto. Tanto me reconheço como boa mãe (a minha bebé é feliz, nunca esteve doente, é activa, esperta...) como tenho uma necessidade de justificar cada passo que dou ou cada opção que tomo.
Porque no mesmo dia aceito que não consigo fazer tudo e está tudo bem, como me sinto o pior dos seres porque falhei. Porque todos os dias me levanto e traço um plano, mas ao mesmo tempo sou capaz de o passar de pijama, ainda que em frente ao computador a trabalhar.
Depois... o cabelo que cai, a cabeça que dói, a gripe que se instalou, as dores - de costas, nos braços, no ombro... - a insónia e o sono leve (ainda que a amorinha durma a noite toda...)
Confuso?! Eu sei, por isso mesmo vou apenas tentando manter-me à tona. Evitando falar para que não me perguntem o que se passa, porque eu nem saberia responder, na expectativa que entretanto o alvoroço se aquilibre. Mais do que naqueles breves momentos em que ela me sorri - porque aí, eu sei que está tudo bem, nada mais interessa e estou no caminho certo. Sem quaisquer questões