Com a minha promoção a mãe, colegas minhas adicionaram-me logo em grupos de mães no facebook. Confesso que pouco os sigo, lá há alguma informação que é trocada, já fiz um ou outro comentário que achei mais pertinente, mas confesso que regra geral, mal paro para ler os posts... De alguns grupos até já saí.
Eu até entendo que o objectivo dos mesmos seja a partilha de experiências e afins, troca de ideias, desabafos, mas na realidade pouco se vê disso nos ditos e faz-me alguma confusão as coisas que por lá se publicam. Não vejo mal nenhum em uma mãe perguntar se é normal com a introdução dos alimentos sólidos o bebé passar a rejeitar o leite ou se há alguma sugestão para o alivio das cólicas, mas daí a comparações entre bebés com tanta leveza de ânimo (porque o meu tem 4 meses e não dorme e o da vizinha tem 3 e dorme a noite toda... Porque o meu pesa x e o da vizinha pesa y), ou questões sobre as recomendações dos pediatras (ah porque o pediatra disse para fazer assim, mas eu não vou fazer nada disso... Porque o pediatra prescreveu não sei quê, mas eu li na net que não sei quantos... - geralmente baseiam-se sempre em textos tirados na net), já para não falar das que substituem a internet pelo próprio médico: ''O meu filho está com não sei quantos de febre desde ontem e vomita tudo o que come, o que acham que devo fazer?'' - Tipo, ir ao médico, não?! Digo eu... Depois há as respostas nos comentários, em que alguém dá sempre o nome de um medicamento qualquer porque o filho da amiga teve os mesmos sintomas e foi isso que tomou. É de mim, ou isto é completamente descabido??
Já comentei sim, no caso de rotinas de sono e sobre as cólicas, tendo sempre o cuidado de dizer que foi o que resultou comigo e com a minha filha, e que cada bebé é um bebé...
Já nem falo sobre os posts de amamentação, em que as caixas de comentários geralmente se tornam num palco de linchamento publico em pouco tempo...
É da maternidade ou estas mulheres já seriam assim? Tenho medo, confesso...
Nunca liguei muito a celebrações do dia da mulher. Fui jantar com um grupo de mulheres uma unica vez e apenas porque fui arrastada na altura pelas minhas irmãs. Foi um jantar divertido, mas para mim não teve nada a ver com o significado do dia. Nem esse jantar, nem quaquer outro, com rosas à mistura, gritinhos histéricos e um strip manhoso à mistura.
Todos os dias me levanto de manhã e ato o cabelo num coque enquanto tomo o pequeno almoço ou lavo os dentes. Assim, com o rosto bem à vista... apenas porque nasci do lado menos errado do mundo, não tenho que me tapar. Ontem, enquanto fazia isto tudo, corri pelo feed do facebook e vi a minha sobrinha de 6 anos, divertida com a mãe numa viagem à Disney... foram juntas. Tal como eu, nasceu do lado menos errado do mundo e por isso hoje já foi à escola. E não vai ter que casar um dia destes com um homem muitos anos mais velho.
Ouvi gente a dizer que esse dia não faz sentido. E muito bem. Ouvi gente a valorizar o dia e muito bem também. Porque nascemos do lado menos errado do mundo, somos livres de pensar e ter opinião.
O dia faz-me sentido porque a desigualdade de género, os abusos, a violação e violentação das mulheres ainda é uma realidade neste mundo. E não é só do lado errado, é do lado menos errado também. Há uma semana atrás, noticiaram que funcionários de associações supostamente humanitárias obrigavam as mulheres a prestarem favores sexuais em troca de ajuda e ainda hoje eu não consigo pensar nisto sem me eriçarem todos os pelinhos dos braços.
Percebo o caminho que ainda há a percorrer quando me acontecem coisas como as que descrevo no post abaixo. Se fosse o pai no meu lugar, eu era a primeira a incentivar e a dizer que sim, que o bebé ficaria bem. Mas eu sou a mãe e por isso, apesar do pai me ter encorajado da mesma maneira, eu própria sinto uma culpa por ter aceite que não consigo descrever. Ainda há muito a mudar, mesmo por aqui, pelo lado que ainda não pode ser considerado o lado certo do mundo. Só um pouco menos errado.
Como tinha dito aqui algures, estava numa fase de indecisão da minha vida profissional. Não sabia bem o que havia de fazer, andava meio desmotivada e por isso resolvi investir em várias frentes enquanto estava em casa com ela. Além de trabalhos de artesanato que me relaxavam e sempre davam algum gozo e dinheiro extra (ainda que não muito), continuava a fazer umas coisas na minha área e ia também enviando alguns cv's para trabalhos para os quais tinha interesse... acreditando no Universo e com a certeza de que o que fosse para mim iria acontecer.
Há duas semanas um ex colega de trabalho, que se demitiu na mesma altura que eu e seguiu o seu percurso ligou-me com uma proposta que achei perfeita. Aceitei e começamos logo a trabalhar.
Sou uma felizarda, reconheço a minha imensa sorte e estou imensamente grata por ela. Além do suporte familiar que tenho para cuidar dela sem a necessidade de creche, o dito trabalho não tem horário fixo, permite-me trabalhar a partir de casa, ou gerir os meus horários no escritório conforme me der jeito. Tenho o melhor de dois mundos: um trabalho que me preenche e a liberdade de horários para viver o meu bebé.
Mas... ontem ligaram-me. Para iniciar este projecto novo é necessária uma formação intensiva e que na altura, quando me mostraram os tópicos eu achei que era uma mais valia. E fiquei muito contente. O que só me disseram ontem é que a mesma será em Lisboa. Com uma duração de 15 dias.
Olhei para a minha filha hoje de manhã e lembrei-me disto tudo. Hoje é dia da mulher e o Universo tem umas ironias do caralho!