Ainda hoje... em tempos volvidos
Nunca esqueceste porque não quiseste.
Ainda hoje o esperas... ainda hoje esperas que ele volte, com um pedido de desculpa e de braços abertos.
Ainda hoje, tens a secreta esperança de voltar um dia. Ao mesmo lugar, às mesmas mãos e ao mesmo corpo que amaste (amas?) e que julgaste que te amavam de igual forma. E ainda hoje, existem dias em que é para ele que escolhes o que vestir. É para ele que penteias os cabelos loiros e que passas o baton nos lábios.
É ele que esperas que te espere a cada chegada a casa. É com os braços dele que sonhas, é o sorriso dele que esperas ver em cada homem com quem te cruzas. Cada homem que amaste, foi uma tentativa de o encontrar... no cheiro de cada um, no sabor de cada um. Numa palavra, numa canção. É o fantasma dele que deixaste que permanecesse na tua vida que te dá alento, que te perfuma os dias, que te inunda os sonhos...
E no fundo queres que ele derrame as mesmas lágrimas que derramaste. Queres que ele sinta a mesma dor. Que seja consumido pelo mesmo desejo, pela mesma raiva, pela mesma tristeza que um dia te consumiram a ti. E queres sentar a ver. Implacavelmente serena... queres devolver-lhe todo o amor que tinhas para lhe dar e que ele um dia não quis. O mesmo amor que guardaste até hoje... e que apodreceu em ti e te envenenou dessa forme, fazendo de ti quem és agora... E queres servi-lo assim... podre, amargo e frio.