Menina, seja lá o que for, vai ficar tudo bem
Ao ler este post, recordei-me a mim própria.
Recordei aquele mês de Agosto de 2004. Recordei as palavras de um amigo (o melhor) dizer-me aquilo que não queria de todo ouvir.
Lembro-me do chão me ter sido tirado dos pés, do céu ter desabado... lembro-me de me sentir trucidada por dentro.
Abraçou-me e deixou-me chorar ali, naqueles ombros que já me foram palco para alegrias, risotas e muitas lágrimas. Não conseguia esconder o desconforto que sentia, mas como fazem os amigos a sério, ficou ali...
Depois, chegada a casa, ninguém foi capaz de notar a tristeza ou o peso que na altura carregava. Se notaram não foram capazes de uma palavra de conforto... às vezes um: ''seja lá o que for, vai ficar tudo bem!'' é o sufuciente. Mesmo que esse 'tudo bem' nos afigure muito distante, ou pelo menos quase impossível.
Lembro-me de sentir a cabeça pesada e de querer dormir. Muito. Para ver se o tempo passava depressa e quando acordasse já estaria muito bem. Claro que não ficou e quando acordei, voltei à realidade.
Vesti-me e saí. No autocarro, um estranho sentou-se no banco da frente. Passou a viagem calado, até que me perguntou qual seria a melhor paragem para ir ao local X. Respondi-lhe. Agradeceu a resposta e disse: ''Menina, seja lá o que for, vai ficar tudo bem!''
Devolvi o sorriso e naquele momento, enchi o peito de ar e acreditei nele. Respondi um ''pois vai!'' muito convencido. O mundo ficou-me muito mais leve. A resolução da situação afigurou-se muito mais fácil...
Ainda hoje o recordo. Tinha pouco mais que a minha idade. Era bonito, simpático e salvou-me. Nunca mais o vi. Mas agradeço-lhe muito. Ainda hoje