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Nestes ultimos dois dias o trabalho tem sido crescente.
Enfio-lhe a cabeça como se de uma avestruz se tratasse e sigo os meus dias...
Dias que não têm sido fáceis de todo. Dias que acordam com o horizonte cada vez mais longe e os objectivos que havíamos traçado acompanham esse distanciamento.
Dias em que tudo nos dói. Em que não deixamos que ninguém nos toque, quer por desconfiança de vir aí mais uma desilusão, quer pela incerteza se a aguentaríamos ou então é porque até a pele já nos dói também.
Dias em que as perdas que tivemos sobem à tona e ficam ali, a cutucar em feridas que achavamos cicatrizadas, mas que voltam a sangrar mais e mais, e a vontade de pegar no telefone e dizer todo o desapontamento e toda a mágoa que provocaste é grande.
Pegar no carro e rumar até ti também, que me magoaste de forma crua, que me deixaste com culpas que não eram minhas ao ponto de eu chegar a duvidar de mim mesma, tu que fizeste de mim uma pessoa cheia de medos que eu não tinha... dizer-te tudo isto e ainda apontar-te todas as feridas com que me deixaste...
E depois, a indignação e a frustração são maiores ainda quando percebemos que nada disto valeria a pena. Já me desapontaram, e os gestos tidos e as palavras ditas não voltam atrás e as feridas já cá estão... mesmo que o perdão vos chegue aí, a mim a cura da mágoa e a cicatriz das feridas já não desaparecem mais.