(auto)Reflexão
Ontem, após uma discussão que apesar de insignificante me deixou em baixo, como deixa qualquer contrariedade que ocorra ultimamente, como se eu fosse feita de um cristalzinho muito frágil ou de um qualquer material com um grau de fragilidade maior ainda, dei por mim a pensar no que realmente se passa comigo. No porquê deste marasmo em que me mergulhei, nesta fraqueza, nestes dias rotineiros sem ponta de adrenalina ou novidade...
Reparei que me perdi de mim mesma, tornei-me irreconhecível e por isso é urgente que me regaste. É verdade que as pessoas mudam e como eu não sou a excepção da regra, mudei também. E a mudança ocorreu tão devagarinho que eu já não consigo perceber se foi uma mudança consicente ou não... nem interessa agora. O que é certo é que essa mudança não foi no bom sentido a meu ver. E afirmo isto por várias razões. A primeira é porque não estou feliz; e essa condição, por si só é um indicativo flagrante do que acabei de afirmar, deixando assim de ser precisa uma qualquer outra justificação. Além de que me fez estagnar a vida, temer qualquer mudança, baixar os braços e ceder a todas e quaisquer contrariedades, acabei por me deixar controlar pelas situações em vez de ser eu a controla-las.
A minha intransigência deu lugar a uma benevolência que eu cada vez mais acredito tratar-se de fraqueza. Uma fraqueza camuflada e mentirosa. Cobarde até!
Perdi o meu sentido de indepêndencia e no fundo de mim, deixei de acreditar-me numa pessoa capaz. Pois se antes eu acrediatava ser capaz de tudo (obrigando-me mesmo a isso) agora o meu maior medo é o da derrota. E para o evitar, eu fujo das possíveis conquistas. Mantenho-me assim, estagnada, não arriscando, não avançando, não procurando... de forma a garantir que não passarei pelo sofrimento, pela raiva ou pela humilhação que uma perda ou que um fracasso pode causar.
E eu mais do que ninguém sei o quando estou errada. Mais do que ninguém vejo em mim a cobardia, a desistência... Mas continuo a negar tudo isto e a esconde-lo de quem está à minha volta. Refugiando-me em quem me rodeia, pondo sobre os seus ombros toda a responsabilidade de mim. E isso não é justo, para ambos os lados.
Se dantes me orientava pelas minhas próprias linhas, agora sinto-me completamente dependente da opinião de terceiros, e aqui entra o meu orgulho desmedido. Delegando aos outros as responsabilidades dos meus actos. Porque me recuso a ceder, a dar o braço a torcer ou a admitir aquelas palavras que mesmo ditas em surdinha nos ferem quase que irreversívelmente os ouvidos, a cabeça e a alma: 'Eu bem te avisei...!'
E o objectivo deste post, não é de todo a listagem dos meus defeitos, ou a mostra da minha fraca auto-estima, nem a revelação do meu lado lunar... e muito menos a justificação para nada, acreditem.
Serviu como uma espécie de catarse. Surgiu da necessidade de clarificar o meu actual estado para poder sair dele. Trata-se de uma auto-análise fria e objectiva (ainda que muito incompleta). É uma forma de entender o meu desânimo, o facto de já não me reconhecer, a minha tristeza e do marasmo a que eu própria me submeti.
E agora, identificados os pontos lunares de mim, sei o que fazer para os mudar. Posso comparar-me, não com os outros mas comigo mesma e com o melhor que posso ser... e há que lutar para lá chegar.
''Pedras no caminho? Apanho todas, um dia ainda hei-de construir um castelo!''
(Fernando Pessoa)