da Gratidão
Temos sempre tendência a querer o que não temos. A reclamar pelo que não temos, porque é sempre isso que acreditamos que nos falta para estarmos felizes. A querer sempre ser o que não somos.
Digo isto porque ultimamente andei a reclamar do excesso de tempo livre que tinha. Quando trabalhava num horário das 9h às 19h, reclamava exactamente porque não tinha tempo para nada. Porque os dias iam-se passando, os Verões iam passando... quando me vim embora, reclamava que estava em casa, as coisas e o meu processo não andavam como eu queria e dentro do ritmo que eu queria, e os dias iam-se passando. Dias com sol. Dias com calor, com a praia e um passadiço fantásticos ao fundo da rua. Dias sem rotinas com livros na estante que não tinham sido lidos por falta de tempo. Tinha tudo aquilo que pedia anteriormente e percebi que não podia pedir mais nada. Tinha apenas que sentir gratidão e aproveitar o que naquele momento e estava ao dispor.
Agora o processo está quase quase a terminar. Os dias com calor arrefeceram e lá veio a depressão de novo. As horas em casa, os dias que se vão encurtando e que me pareciam demasiado vazios, as contas e os compromissos a aproximarem-se e a luta para não deixar que a parte financeira da minha vida descambe por aí abaixo... e lá está, quando dei conta, como eu disse ao começar a frase, o processo está quase quase a terminar. Mais uma vez: eu tinha que estar grata.
Novas rotinas, novos desafios profissionais, falta de tempo livre, o tal que começava a ser demais, mas finalmente a consolidação de algo que eu queria muito. Repor a minha estabilidade financeira, criar o meu próprio emprego e a minha realização pessoal e profissional que, acredito muito passam por aí. E mais gratidão pelas oportunidades que têm surgido para que este caminho possa estar a ser percorrido. E gratidão pelo que aprendi e cresci com tudo isto. Aprendi que há sempre um motivo pelo qual podemos estar gratos. Sempre. Por muito insignificante que possa parecer, ele está lá