Poupança
Tenho vindo a reflectir muito sobre a palavrinha que dá título ao post.
Muito se tem escrito sobre ela, muitas dicas por aí fora, muitos textos, desafios, dicas e coisa e tal.
Mentiria se dissesse que sou uma moça poupada. Não sou. Confesso que não tenho uma poupança e considero isso uma grande falha e que constituir uma é neste momento outro dos meus grandes objectivos para 2017. E confesso ainda que não tenho uma boa relação com o dinheiro.
Tenho lido de tudo, desde dicas que considero uteis e desafios interessantes, mas também tenho lido coisas que me parecem demasiado fundamentalistas. Irei poupar porque preciso e quero sentir-me mais segura no dia a dia caso aconteça alguma coisa. Se o carro avariar por exemplo, quero sentir a segurança de ter algum dinheiro de parte que me permita repara-lo. Ou se ficar doente de novo. Ou se aparecer algum contratempo. Como já aconteceu e me fez ter que recorrer ao dinheiro a crédito, o que resultou em divida. Divida essa que me encontro a pagar, mas que não a teria neste valor, ou até de todo se tivesse alguma poupança.
Pergunto-me a que preço muita gente por esta blogosfera fora poupa dinheiro. Não estou a falar de pessoas a passar por dificuldades sérias, que sei que as há e aí entendo. Estou a falar de pessoas que querem poupar e fazem de tudo para o conseguirem. Já li de tudo e muitos dos posts dão a entender que estas pessoas se privam de... praticamente tudo.
Deixar de ir ao café, trazer marmitas de casa, deixar de comprar muitos produtos no supermercado, deixar a tv por cabo, não usar carro... coisas que eu percebo perfeitamente. O que não entendo bem são os posts auto-punitivos quando alguma destas metas é quebrada.
Não trabalharemos nós também para nos permitirmos algumas coisas?
Sim, eu quero poupar, mas confesso que de vez enquando (não sempre, claro), quero poder ir ao café com a colega. Ir jantar fora com os amigos, ver as minhas séries no canal da tv por cabo e não me quero sentir culpada por isso. Ao ler a maior parte dos posts nestes blogs de poupança, sinto-me uma esbanjadora porque comprei uma lata de leite de coco 10 centimos mais cara na mercearia do que no supermercado. Não esperem, sinto-me uma esbanjadora porque comprei uma lata de leite de coco, basicamente. Produto perfeitamente dispensável.
Eu sei que nestes tempos, tendemos sempre a confundir o conceito de consumo com consumismo e que são duas coisas perfeitamente diferentes. E que é muito fácil sair de uma lógica em que as experiências são mais importantes e passamos a focar-nos nas 'coisas'. Vai acontecendo devagar e quando damos conta, preferimos ir fazer compras ao shopping em vez de passear ao ar livre, ir ao cinema, ao teatro... E eu sentia-me um pouco assim, tanto que começava a ler blogs e artigos sobre o assunto da poupança, mas rapidamente esmorecia. Tinha tomado um café nessa manhã e por isso tinha gasto dinheiro desnecessário, sentia-me culpada de cada vez que fazia uma compra, fosse ela de que valor fosse. E essa culpa fazia-me sentir péssima, tinha que arranjar justificação para tudo, mas mesmo tudo o que comprava, acabava por desmotivar, sentir-me mal e lá acabava eu por comprar qualquer coisa para tapar a nódoa que me sentia. E de cada vez que comprava, sabia que havia alguma coisa errada, mas o prazer momentaneo da compra ajudava a desbotar um pouco essa sensação.
Mas adiante que o post já vai longo, para 2017, um dos objectivos é poupar e melhorar a minha relação com o dinheiro. Ser mais consciente nas compras, nos gastos e poder viver os meus dias de forma a sentir menos culpa. Tudo ao meu ritmo e da forma que fizer mais sentido para mim.