Sonhos
Há cerca de 3 anos atrás, para ajudar uma pessoa que na altura me era muito especial, tomei decisões que hoje não tomaria. Viviamos juntos e eu encarei os problemas de um como sendo dos dois e por isso assumi parte deles. A relação entretanto acabou e eu fiquei com o peso dessas decisões. Transtornos financeiros bem complicados que eu vou tentando resolver aos poucos. Daí os orçamentos apertados, os empregos vários e os 7 dias da semana a trabalhar. Quando as coisas falham, o que é comum, dado que infelizmente os valores ainda são altos, a frustração aparece. Normal, eu sei.
Entretanto, no outro dia, uma pessoa disse-me que lhe tinham desabafado que no meio de tantos apertos financeiros e com a escassez de dinheiro perdera até a capacidade de sonhar.
Eu entendi isso. Mas não me revejo nesta postura.
Eu, apesar das dificuldades (e muitas delas vão além do que pensam), continuo a sonhar que um dia vou estar bem. Irei de férias, irei à costa de Itália com o L. A Barcelona. A muitos lugares. Um dia vou poder ir a um restaurante sem me preocupar com o que vou gastar por me fazer falta para outrás despesas. Vou sentar numa esplanada e almoçar sem culpas. Vou poder mimar-me e comprar um presente a mim própria sem encarar isto como uma futilidade. Vou poder escolher a cor e o corte de cabelo como realmente quiser e sem pensar se depois a manutenção será dispendiosa...
Porque, caso contrário, o que é que me restaria?
Se eu não acreditar que todo este esforço e toda esta privação vão um dia, valer a pena, então além das dividas, o que é que me resta? O que sobra além do cansaço?
O que é que eu um dia vou ensinar à criança que trago? Que por muito que trabalhe não pode sonhar? Não vale a pena idealizar?
E por isso, todos os dias eu faço por acreditar que já faltou mais. Que um dia isto tudo vai passar.
E faço por não deixar nunca que me rebentem os balões.